sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Não me rendo à pós-democracia

Quando o tratado de Roma foi assinado ainda não tinha nascido…estava prestes.
Vivi sempre a pensar na europa a que o meu país, os meus pais, amigos e desconhecidos procuravam…
Queríamos então viver na liberdade e solidariedade de uma prosperidade que cá não havia.
Vi e ouvi falar de gente da minha pátria que fugia a salto em busca de vida melhor e de espaço de liberdade.
Foi da Europa que vieram as primeiras notícias de estados que cuidavam dos seus. Tinham educação, saúde e cuidados sociais.
Já em liberdade, foi da Europa que vieram verbas para apoiar o nosso desenvolvimento, a nossa liberdade e o nosso espaço para ser solidários.
A Europa viu o Estado Social a crescer em português.
Cresci a viver duas Europas edificadas no pós-guerra e com caminhos diferentes.
Por cá quando a europa menor ganhava eleições, crescia o asfalto, fechavam empresas, reduzia-se agricultura à expressão de uma horta e alguns engordavam. Mas a esperança dos que queriam Estado Social, queriam as pessoas primeiro, não esmorecia porque a seguir chegava quem tinha a solidariedade no saber e no agir.
Cresci assim… Vi o meu país atingir níveis outrora nunca sonhados na educação, na saúde, nas energias, vi futuro.
Sei que alguns não enriqueceram o que queriam nesses tempos de Europa maior.
Mas vi democracia.
Hoje a minha vida continua a acompanhar a da Europa. Tudo está a romper… Tudo está a ser repartido, tudo está a envelhecer e enfraquecer.
Não é mais democracia, não é ditadura, é um tempo a seguir à democracia. Chamemos “pós-democracia” a este momento de liberalização de valores, onde as lealdades são efémeras e perdem naturalidade. Tempos em que o fazer sacrifícios, passou a ser bandeira.
Sacrifício é o valor agora evocado, agarrado ao emergir de nacionalismo de rosto recauchutado.
Os dias são escuros, são dias depois da democracia.
A Europa está escura, velha, egoísta e nacionalista.
Estes são dias de sombra onde o meu país encolheu.  
Nunca a minha vida acompanhou tanto esta Europa!
Dizem-me que se estou mal que emigre! Outra vez.
Vou seguir o aviso, vou apostar no além-fronteiras … preciso de respirar. Vou emigrar, mas ficando cá … vou emigrar no espaço sem fronteiras desta europa. Vou refundar a minha vida. A pós-democracia sufoca-me.
Vou partir para a revolução.
A solidariedade cívica vai ter de se construir por toda a Europa e esta não se faz mais.
Hoje vemos que os tempos desta pós-democracia assentam no corte entre países ricos e pobres.
A defesa da democracia terá de ser um combate sem fronteiras, com objectivos marcados, claros e solidários. ~
O meu país está de gatas, mas há gente a ser espoliada em todo lado…
Por isso vou emigrar a luta, preciso disso! Quebrar as fronteiras e criar a revolta de todos. Une-nos a democracia, a carne, os ossos e o sangue de sermos pessoas.

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